Quem escreve


Ana VirgíniaUm pouco sobre mim

Tenho alegrias que duram o que tem que durar. Por muito tempo acreditei no “felizes para sempre”, como esse negócio nunca chegava, aprendi a me alegrar com as pequenas coisas e com as grandiosas também. Observei que a plenitude é feita de momentos, e está aí para ser vivida e não esperada. Foi então que parei de “desejar e temer a morte” (isso é apenas uma metáfora), quando percebi que ser feliz não cabia apenas ao capítulo final.

Com essa nova visão acerca da felicidade, percebi que o mesmo se aplicava à tristeza, à raiva e outros sentimentos que culturalmente julgamos negativos. A única diferença é que não fomos educados para viver a alegria, mas a nos apegarmos a esses vícios emocionais, tornando-os altamente destrutivos quando não compreendidos e elaborados. Tesouro desperdiçado, pois são peças essenciais no processo de autoconhecimento.

Toda essa descoberta acontece concomitantemente ao meu processo psicoterápico - sim! Psicólogo também faz terapia – ao nascimento dos meus dois filhos, ao desenrolar de 23 anos de relacionamento com meu marido – já que quando casamos podemos, por vezes, estar totalmente enrolados – não sabemos ao certo onde começa um, onde termina o outro. No começo isso é divertido, dizemos que é amor, mas depois essa “mistureba” provoca muita confusão e dor, causando mágoa, o rompimento da relação ou o amadurecimento do casal. O matrimônio vai muito além do partilhar um leito, as responsabilidades com os filhos ou as contas. É estar inserido em um grandioso processo onde o encontro afetivo e o distanciamento que se faz necessário para a busca das individualidades, são partes da dinâmica enquanto casal.

As pessoas costumam dizer que sou “profunda” em minhas reflexões. Devo ser mesmo. Desde muito criança apreciava escrever poemas e mergulhar fundo em meus sentimentos. Os adultos na época me achavam melancólica, hoje falariam em inteligências múltiplas. A verdade é que sofremos bastante em nossa infância em função do pouco conhecimento dos mais velhos. Não os culpo, eles também cresceram em “regime repressivo” – tanto pior, quanto mais antiga a geração. Nossos pais não tinham noção do quão nocivo poderia ser nos comparar a um irmão. Isso aconteceu comigo e talvez com você também. Alguém aí perdeu tempo tentando reproduzir o caminho trilhado por outras pessoas, pois eram consideradas melhores, bem sucedidas? Pode acontecer nas melhores famílias. A diferença está na forma como internalizamos isso e a maneira como irá se manifestar em nossas vidas. Bom mesmo é quando percebemos que tudo isso não passa de um grandioso equívoco, passamos a nos descobrir e deixamos de tentar ser quem não somos – tarefa árdua, mas não impossível.

Decidi fazer Psicologia aos 13 anos de idade e desde então nunca parei de seguir esse objetivo. Trabalho como psicóloga clínica há 14 anos. Já desenvolvi outros trabalhos, até em outras áreas, como na Educação, mas minha paixão é a Psicologia. Ela me auxiliou e ainda auxilia no que tange à exploração dos labirintos mais íntimos e desconhecidos, me deixando cada dia mais inteira, mais feliz comigo mesma. É essa mesma satisfação que procuro proporcionar aos meus pacientes (quando eles fazem a parte que lhes compete), pois acredito realmente nesse processo, aprendido na teoria e na prática. 

Creio que à medida que cuido de mim, estou contribuindo significativamente para um mundo melhor, começando pela educação emocional que busco proporcionar aos meus filhos. Mas não! Eu não sou psicóloga dentro de casa – embora me cobrem isso. Eu sou uma mãe que procura favorecer a prole o reconhecimento de seus sentimentos e a melhor forma de administrá-los, sem necessitar reprimi-los em razão de preceitos morais e sem precisar manifestá-los de forma descompensada, desrespeitando o “próximo”. Falamos abertamente sobre o que sentimos e buscamos juntos, a melhor forma de lidar com isso, quando o mais comum é a negação de toda emoção julgada como negativa. 
Eu poderia ficar horas escrevendo ao meu respeito, afinal eu adoro escrever e nada melhor do que relatar sobre algo que já conhecemos e que buscamos aprofundar. Esse trabalho tem me auxiliado nisso, expandir e compartilhar o que de melhor descobri durante essa jornada até aqui, como profissional, mulher, mãe, filha, mas principalmente como SER. 

O blog leva este nome, pois tem a intenção de proporcionar distração, alento, reflexão e informação. Cada leitor se identificará com uma publicação ou outra e a idéia é justamente essa, pois não existe a pretensão de que todos apreciem texto por texto. O objetivo é favorecer a dose certa para cada pessoa, para cada necessidade.

Espero que apreciem, que comentem e que sugiram! Esse espaço também foi feito para compartilhar conhecimentos e experiências dos seguidores. O anonimato será acolhido se assim for o desejo daquele que contribuir. Sejam bem vindos!


Ana Virgínia de Almeida Queiroz
CRP: 01-7250
Psicóloga clínica desde 1998;
Desenvolve palestras com temática familiar;
Especialização em Psicopatologia Dinâmica;
Especialização em Terapia Familiar Sistêmica;
Especialização em Psicologia Transpessoal;
Pós-Graduação em Psicopedagogia;
Pós-graduação em Administração e Planificação da Educação

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