O muro da Depressão.

Não há dúvidas sobre a importância e influência dos pais na primeira infância de um indivíduo.

Mergulhando no inconsciente.

Muitas pessoas têm receio de fazer psicoterapia.

Um olhar para a depressão

A depressão é diferente do estado deprimido, o qual pode ser resultado de fatos corriqueiros

Tirando a poeira debaixo do tapete

Você sabe que algo não vai bem, mas não sabe como criar espaço para dizê-lo

As relações não curam todas as carências

“Nós escrevemos scripts para outras pessoas encenarem, mas esquecemos de lhes comunicar isso”.

Transtorno do Pânico

A síndrome do pânico enquadra-se no conjunto de transtornos de ansiedade

10 de ago. de 2012

Um ser humano chamado pai

Sentado no sofá, observava brandamente as crianças enquanto corriam e gargalhavam pela casa. Deslocava-se como névoa, permeando o quadro à sua frente, envolvendo-se de forma peculiar nas brincadeiras infantis, revolvendo sensações antigas, ricas lembranças do seu tempo de menino. Vez ou outra voltava-se a orientar sobre os perigos que envolviam as ações dos filhos e novamente permitia-se névoa, aspirando e sendo aspirado pelo colorido da dança lúdica da prole...


Ao me deparar com essa imagem, parei para refletir sobre as inúmeras limitações que a maioria dos homens apresenta em situações como a descrita acima. A preocupação constante no que se refere ao provimento das necessidades materiais da família reforça o resultado de uma existência sendo educados de forma a se distanciarem dos próprios sentimentos e consequentemente a dificuldade de se libertarem desse modelo e se envolverem de forma mais efetiva com os filhos.

A ameaça de perda do controle sobre as próprias emoções sugere diversos modelos paternos. Homens que se mantem no pedestal, que somem no mundo, que se ausentam frente ao computador ou à televisão e que massacram a família com exigências e cobranças infindáveis quanto ao perfeito funcionamento da dinâmica em questão. São homens que, inseridos em uma cultura machista, encontram no isolamento e nas compulsões a “cura” para suas dores infantis – as inúmeras necessidades emocionais não atendidas.

Frutos de uma educação exigente no que tange à demonstração de força e controle sobre o próprio sofrimento, integram um contingente de seres para os quais honra e respeito são os comandos que justificam a negação do que de mais autêntico existe em uma criança; e os meninos, nesse caso, são os que mais sofreram e, ainda, em muitas famílias, sofrem, não obstante a grande transformação social experimentadas nas últimas décadas relativamente ao tema. São homens, agressivos, depressivos, perversos, pedófilos, desrespeitados em sua inocência e essência, colaboradores da multigeracionalidade da ausência de amor em suas diversas formas de expressão, em razão primeira, talvez única e fatal, da não observância pelos próprios pais da sua individualidade quando criança.

E nesse turbilhão de conexões, ali, diante dos meus olhos, um homem, assim como muitos outros, representava a mudança de padrão, abstraindo vários dos obstáculos que precisa transpor. São os que trocam fraldas, dão banho, preparam o alimento, colocam para arrotar, levam para passear, rolam no chão, gargalham, participam das tarefas escolares e que, acima de tudo, buscam reconhecer dentro de si as limitações a um melhor envolver e conviver com a família, mesmo que isso ocorra de forma inconsciente. 

São os que conseguem, antes ou depois de uma ação explosiva, refletir sobre as motivações que os levaram a agir descompensadamente, os que pedem desculpas ou ajuda e que mostram fragilidade sem o receio de serem rotulados ou discriminados pelos próprios filhos. Que ocupam, mesmo sem anuência da esposa, seu espaço, que não sucumbem aos apelos do processo educativo patriarcal a que foram submetidos e que transmutam o sistema de crenças que gira em torno deles, transformando-se, reinventando-se, recriando-se sempre. 

Participar da dimensão emocional da família, sobretudo da vida de um filho, indica coragem para lidar com a própria história, que os levará ao reencontro, muitas vezes, com uma criança ferida, amedrontada e oprimida. Transpor a tendência repetitiva de normas culturais, definidoras do perfil masculino, permite que homens, como o descrito acima, vivenciem momentos plenos de encontro consigo e com os filhos, envolvendo-se não apenas no processo evolutivo das crias como também no próprio, facilitando o corajoso desafio rumo à resignificação da criança interna que trazem em si.

Psicóloga - Ana Virgína Almeida Queiroz - CRP: 01-7250


24 de abr. de 2012

Educação financeira para crianças

A dificuldade em estabelecer limites

Existe uma linha tênue entre o discernimento quanto à importância dos limites e sua prática. O saber pode ser definido como um processo que envolve um conhecimento empírico somado às inúmeras informações que recebemos acerca de um determinado assunto. A prática vai além disso, pois engloba  a capacidade do indivíduo de exteriorizar por intermédio dos comportamentos o que aprendeu. Normalmente, é um processo difícil por envolver condições emocionais limitadoras, ou seja, adultos que têm a exata noção do que precisa ser feito, podem não dar conta de realizá-lo em razão dessas questões restritivas.

Como exemplo, podemos citar o efeito devastador do sentimento de culpa no tocante à educação dos filhos. Muitos pais se tornam reféns dos desejos intermináveis da prole, regados aos apelos publicitários na tentativa nociva de compensar sensações negativas neles mesmos. E as razões para se “penitenciarem” são inúmeras, como ausência física em razão da profissão, tentativa de evitar que o filho seja marginalizado por não possuir um determinado produto, enfim, a prevalência da cultura do TER em detrimento do SER em boa parte das famílias da atualidade.


Quando e como começa a educação financeira

A educação como um todo, deve envolver, primordialmente, a coerência entre o que é dito e o que é praticado, e para tanto não há idade, mesmo em se tratando do dinheiro. Um bebê não tem discernimento sobre o objeto em questão, mas já é capaz de perceber e internalizar o sistema de crenças, bem como as atitudes dos pais.

Momentos lúdicos envolvendo atividades de troca desde tenra idade podem introduzir conceitos simples sobre o valor das coisas. No que se refere ao dinheiro, propriamente dito, a mesada ou semanada podem ser muito eficazes no tocante ao manuseio do recurso financeiro e o momento mais adequado é quando a criança começa a desenvolver aptidões para as operações de somar e subtrair, entre 5 e 6 anos. O valor pode ser estabelecido de acordo com a idade da criança, aumentando a cada aniversário.

É importante que a criança vincule a mesada à idéia de mérito e isso deve ser explicado a ela. Para receber é necessário que a associe a pequenas responsabilidades, como não deixar brinquedos ou roupas espalhados, por exemplo. Isso introduzirá, para o futuro, a noção sobre salário. Mas atenção quanto a não vinculação da mesada a questões escolares (notas, tarefas, trabalhos). Estudo é obrigação, portanto não deve fazer parte de negociações.

O estabelecimento de metas para poupar também auxilia no tocante à educação financeira. A criança precisa saber com o que ela gostaria de gastar seu dinheiro e, portanto, por quanto tempo deverá poupar para adquirir o que deseja. Ao atingir seu objetivo, o adulto poderá pontuar sobre como a mesma se sentiu com a experiência de poupar para finalmente comprar o que almejava.

Outro aspecto importante é o envolvimento das crianças no momento da elaboração da lista de compras e também em sua execução. Muitos adultos não apreciam levar os filhos ao supermercado e deixam passar a oportunidade de ensinar, na prática, questões sobre o que verdadeiramente é necessário ou não. Reflexões como: “Esse produto é realmente importante e saudável?”, “Você pode escolher entre esse ou aquele, mas não os dois”, “Por que você quer comprar isso?”, “Veja, esse é semelhante aquele e mais caro apenas por causa da marca.” entre outras, possibilitam o desenvolvimento de um discernimento a respeito do que realmente é importante a criança levar para casa e para a vida.


Auto-observação como solução

A relação ensino-aprendizagem não se estabelece apenas em função de objetos que deliberadamente quem que se coloca na condição de educador pretende explorar, mas de igual modo e especialmente daqueles que decorrem de suas atitudes e comportamentos, para cujo resultado concorrem os conteúdos psíquicos do adulto (sentimentos, traumas, crenças, valores).

Faz-se necessário o exercício da auto-observação quanto à forma de se relacionar com o dinheiro para que os ajustes aconteçam, primeiramente nos pais. Uma postura leviana ou de desperdício em relação aos recursos disponíveis – e nesse aspecto importa reconhecer que independe o estrato social em que se situe quem a adota – induzirá fortemente uma tendência à leviandade e ao desperdício.

Para que resultados mais consistentes se produzam, deve-se buscar as origens das necessidades que mobilizam o abuso ou o emprego desarrazoado do dinheiro, as mais das vezes relacionadas com o impulso de completar uma lacuna emocional, raramente preenchida.


Ana Virgína Almeida Queiroz - CRP: 01-7250






13 de abr. de 2012

O muro da Depressão

Não há dúvidas sobre a importância e influência dos pais na primeira infância de um indivíduo, no que se refere, principalmente, à formação de seu caráter, bem como na organização de uma estrutura psicoafetiva, definidora da maneira como este perceberá e organizará ações e reações na sociedade.
Estádio do Morumbi – São Paulo, 1º de abril de 2012
Roger Waters, 69 anos, nos presenteia com o clássico The Wall, uma temática muito mais do que atual. Setenta mil corações respondem aos apelos das melodias e dos sons reproduzindo tormentosos momentos bélicos. Bombas, tiros de metralhadoras e até mesmo um avião em queda explodindo no palco promoviam sensações de opressão e ansiedade na plateia. Tudo perfeitamente arquitetado, objetivando uma tomada de consciência pelo público.
A obra em questão retrata a história de vida do artista. Filho da Segunda Guerra Mundial, órfão de pai, criado por uma mãe super protetora, fruto de um sistema educacional precário e repressor, geram um perfil humano depressivo, resguardando-se entre os tijolos que compunham a defesa construída ao logo de sua existência, atrás da qual sentimentos de solidão, medo e vazio são cuidadosamente interpretados por Waters e pelas cirúrgicas projeções no muro que se erguia ao longo do espetáculo.
Inevitável remeter à atualidade. Educação e Psicologia avançaram e a consciência sobre os danos da repressão na formação de nossas crianças já é, para muitas pessoas, ponto indiscutível. Abstraindo os casos de maus tratos e outras situações extremas, percebem-se pais preocupados em favorecer uma vida farta de “alegrias” à prole. No entanto, o mais importante, ainda está para ser despertado; a satisfação em simplesmente SER, observando-se as reais necessidades nas crianças, especialmente as afetivas.
Essa omissão de observância não começou agora e é alterada em sua forma de apresentação a cada nova geração, de modo a garantir o prolongamento e a sedimentação da alienação existencial nas famílias e, consequentemente, na sociedade. Boa parte das pessoas está doente, carente e ausente de si mesma. Não foram treinadas quanto à prática da auto-observação, por intermédio do reconhecimento dos próprios sentimentos, tampouco no que tange à capacidade de desenvolver a autonomia emocional, buscando sempre fora a satisfação de seus anseios. Surgem as compulsões de toda natureza, na tentativa de preencher lacunas internas e encobrir relações fundamentadas em falsas expectativas, na frenética negação da própria dor e na delegação a outrem do poder de proporcionar felicidade plena.
A transferência da responsabilidade para fora de si é constantemente ilustrada nos casamentos, nos relacionamentos entre pais e filhos e por que não dizer na escolha dos nossos governantes. Compomos uma sociedade com um perfil depressivo, onde a maioria alimenta o sonho de dias melhores, sem promover grandes esforços na parte que lhes compete, postura que provoca adiante um padrão de vitimização.
Aquietam-se, acomodam-se, calam e sonham, vivendo nos quatro cantos do país de esperanças em troca de migalhas, do suor das frustrações e dos calos nos dedos provocados pela mudança de canais na televisão. É a busca incessante pelo alto padrão de vida, pela sobrevivência e aceitação na sociedade. Como, então, exigir do cidadão médio mais critério na escolha de seus representantes? As justificativas são inúmeras, envolvendo a deficiência da Educação, bem como a má distribuição de renda e consequentemente o enriquecimento ilícito dos governantes. Mas é a população desprovida de discernimento, critério e senso crítico quem escolhe os representantes. Essa, regada a inúmeras compulsões, a programas televisivos abusivos e reforçadores da mediocridade.

E, assim, a perversidade humana se elege, compondo um enlace perfeito entre padrões depressivos e psicopatas. Um quadro de textura profunda, de raízes íntimas que se refletem no social. O sistema educacional, tão somente, não mudará essa realidade. A família precisa rever valores e reinvertê-los, promover nos filhos habilidades no tocante à autodefesa emocional, conscientizá-los sobre o valor do trabalho, as desvantagens em se “tirar vantagem” e a rejeição intransigente de todo e qualquer tipo de abuso.
Necessita-se de crianças e jovens mais colaborativos, menos isolados nos muros cibernéticos da tecnologia, que interajam com a família, com os grupos, desenvolvendo, assim, habilidades no lidar com o outro. Futuros adultos que se deleitem com as obras literárias, instigadoras da imaginação e da sensibilidade. Que brinquem, descobrindo os limites do próprio corpo e do espaço dos que compartilham dos mesmos momentos lúdicos.



Precisa-se para tanto de pais, educadores e cuidadores mais capacitados em lidar com os próprios recalques, garantidores da fluidez da autenticidade infantil, conscientes da vaidade e da ameaça que saltam de seus inconscientes em vista das próprias necessidades afetivas mobilizadas a partir do convívio com uma criança. Adultos mais tolerantes aos apelos da culpa que os torna reféns, cedendo às invasões publicitárias na busca da compensação pelas suas limitações humanas.
The Wall não é uma ficção e está perfeitamente contextualizada. Não somos filhos da Segunda Guerra Mundial, mas dos apelos consumistas, incentivadores do carrasco verbo TER para então tentarmos SER. Derrubemos o muro! Mas o façamos primeiramente dentro de nós, para que, mais inteiros, rompamos os grilhões que nos escravizam à própria falta de atitude e, feitos homens e mulheres livres, sejamos capazes de formar cidadãos mais conscientes emocional e politicamente, cuja postura diante da vida se revele suficientemente poderosa para operar uma transformação consistente na direção do fortalecimento de uma consciência coletiva verdadeiramente justa e humanizada.
Ana Virgínia Almeida Queiroz - CRP: 01-7250

Referências:
Filme: The Wall - Pink Floyd
Documentário: Criança, a alma do negócio http://www.youtube.com/watch?v=rNlIgEm_5U8
Todas as obras de Alice Miller

The Wall - Nobody Home

Tradução:


Eu tenho um pequeno livro preto com meus poemas
Tenho uma bolsa com uma escova de dente e um pente dentro
Quando eu sou um bom cachorro as vezes eles me jogam um osso
Tenho elásticos mantendo meus sapatos amarrados
Tenho aquelas inchadas mãos azuis
Tenho treze canais de merda na TV para escolher
Eu tenho luz elétrica
E eu tenho intuição
Eu tenho incríveis poderes de observação
E isto é o que eu sei
Quando eu tentar conversar
No telefone com você
Não haverá ninguém em casa
Eu tenho o obrigatório permanente* de Hendrix
E eu tenho as inevitáveis queimaduras de agulha
Bem à frente da minha camisa de cetim favorita
Eu tenho manchas de nicotina nos meus dedos
Eu tenho uma colher prateada numa corrente
Eu tenho um grande piano para escorar meus restos mortais
Eu tenho brilhantes olhos selvagens
Eu tenho um forte desejo de voar
Mas eu não tenho para onde ir
Ooooh Baby quando eu pegar o telefone
Ainda assim não haverá ninguém em casa
Eu tenho um par de botas Gohills
E eu tenho raízes enfraquecidas.

3 de abr. de 2012

Um conto para a fobia específica

Quando o ano letivo acabava, uma gostosa ansiedade permeava o ambiente com seu bafo adocicado de férias. Poderia viver por ao menos dois meses as mais fantasiosas experiências nutridas pela ingenuidade infantil que permeava suas vivências e sonhos. Estaria ao lado dos avôs, dos tios e dos primos e tudo aconteceria nesse memorável contexto, revivido a cada ano, com novas percepções. O mar e tudo o que ele envolvia, casado com a sensação de um delicioso abraço solar eram tão aconchegantes quanto o aperto da avó contra o peito. Seios grandes e endurecidos quase a sufocavam de tanto amor.


De imediato, poderia correr até a cozinha e teria o vidro de guloseimas regionais a sua espera e não muito tardaria para refestelar-se no arroz de leite preparado carinhosamente pela mãe de sua mãe. À época, o leite condensado era artigo de luxo e, portanto, guardado a chaves. Mas quando ela estava presente, isso era irrelevante. O ingrediente era usado sem dó na confecção da sobremesa e ainda sobrava na geladeira para que pudesse, diariamente, sugar seu conteúdo pelos dois furinhos feitos na lata. Sentia-se plenamente amada. Suas necessidades de atenção, colo e prestígio eram atendidas sem grandes esforços pela vovó, favorecendo um aumento substancioso da vontade de estar sempre ali, ao seu lado, sorvendo seu cheiro.

Emoções que se repetiam nas semanas festivas típicas dos períodos pós-letivos, ritualisticamente. Tudo em perfeita harmonia, num cenário de infância feliz, não fosse um elemento surpresa na abertura da lata para a raspagem das derradeiras sobras, pois a quantidade do delicioso e cremoso líquido se tornara inacessível pelas pequenas brechas. Uma barata bem adulta, falecidamente feliz e obesa, tinha feito daquela lata seu jazigo perpétuo. Para o azar da única netinha, havia testemunhas, primos homens que não gozavam dos mesmos privilégios. E toda a indignação por tratamento diferenciado em verões a perder de vista, podia se manifestar com prática familiar padronizada. Gargalhadas e piadas regadas a deboche e despeito.

Olhou para a avó, tentando reconhecer sua própria importância, mas ela também gargalhava. Sentiu-se sozinha como em muitos dias do ano, quando sua mãe, precisando trabalhar, a deixava sob os cuidados de outras pessoas. Desde então, conscientizou-se do pavor de baratas. Mas sua história difícil com o referido bichinho não se iniciara ali.

A fobia específica se enquadra entre os transtornos de ansiedade e é um medo que se liga a um estímulo sem nenhuma razão aparente. Muito comum, sendo as mulheres levemente mais propensas ao diagnóstico, possui uma gama infindável de elementos desencadeadores do medo, dos quais podemos destacar ambientes naturais (tempestade, altura, entre outros), situações (pontes, elevadores, direção), animais, incluindo insetos, sangue (ferimento, injeção, cirurgia), etc.

Uma pessoa que sofre o transtorno de fobia específica vivencia o medo de forma desproporcional, provocando incompreensão naqueles que estão a sua volta. Tal sentimento pode modificar a vida do indivíduo, expondo-o ao ridículo, comprometendo sua autoestima, sua profissão e toda sua dinâmica vital. Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva, a exposição ao objeto pode gerar uma ansiedade de proporções semelhantes às de um ataque do pânico (mãos frias, tremores, taquicardia, falta de ar, transpiração, entre outros). O diagnóstico é feito observando os comportamentos de esquiva, fuga, medo ou antecipação ansiosa do encontro com o objeto fóbico, com interferências significativas no cotidiano do sujeito, em prejuízo de seu desempenho social e/ou individual, e consequente sofrimento em demasia.

Na história de vida da personagem, o inseto sempre aparecia em contexto familiar associando-se a sentimentos de solidão, inadequação e vergonha ou abandono.  Já na fase adulta e em busca de respostas para o medo, descobriu por intermédio do relato de uma tia materna, que em seu primeiro ano de vida, trabalhava em sua residência uma funcionária que tinha pavor do bicho, fazendo escândalo sempre que um aparecia. Provavelmente, a primeira etapa do seu medo se desenvolveu por intermédio de um processo de aprendizagem e, posteriormente, progrediu em razão da associação do objeto (barata) com a frustração de necessidades afetivas (presença física da mãe, sentimento de prestígio, entre outros).

Mira y López elucida que a carência pode ser um dos motivos para os medos, onde “o Ser necessita de algo vital, busca-o e não o encontra, sente a frustração de seus esforços e esgota sua energia, multiplicando-os. Surge então a suspeita – e logo a crença – antecipadora do fracasso ou renúncia na consecução do desejado e, se isto se torna básico para a prossecução da vida pessoal, o Ser não só sentirá desgosto, tristeza ou decepção, como sofrerá a aguilhoada direta do Medo.”

São atitudes fundamentais para a melhora do quadro: o enfrentamento gradual, objetivando uma dessensibilização do objeto provocador de tal ansiedade e a reavaliação de conceitos acerca do elemento temido, bem como a descoberta de questões emocionais que possam estar atreladas ao emparelhamento do medo ao estímulo do transtorno. Tais medidas podem não extinguir as sensações de forma imediata, mas favorecem um maior controle das sensações e uma ampliação da autoconfiança. “Para se desemaranharem esses ‘novelos psíquicos’ é preciso encontrar-se a ponta inicial que, às vezes, se acha muito distante na linha temporal retrospectiva”, conclui o mesmo autor.


Ana Virgínia Almeida Queiroz – CRP: 01-7250


Suporte Bibliográfico:
- DSM-IV-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais / 2002
- Psiquiatria básica – organizadores: Mario R. Louzã Neto, Thelma da Motta, Yuan-Pang Wang, Hélio Elkis / 1995;
- Livre de ansiedade – Robert L. Leahy / 2011;
- Mentes ansiosas – Ana Beatriz Barbosa Silva / 2011;
- Quatro Gigantes da Alma – Mira y López / 2010;
- Duas Histórias Clínicas (O “Pequeno Hans” e o“Homem dos Ratos” – 1909) – Sigmund Freud.

23 de mar. de 2012

A relação com empregadas domésticas, um aprendizado sem limites!

E lá estávamos as duas, frente a frente, jogando o peso do corpo na bancada da pia da cozinha. Ela, mais nova 13 anos, eu, 20 cm mais baixa e bem mais magra. As duas com filhos na mesma idade.

- O que foi dessa vez?
- Quero voltar a estudar e trabalhando para dormir no emprego não dá. Estou aqui há um ano e meio e não quero ser doméstica para sempre.
- O que você pretende fazer?
- Vou arrumar um emprego que eu possa ir embora todos os dias para poder estudar à noite.
- Acho super justo! Quando você pretende sair?
- O mais rápido possível!
- Pondere. O ano letivo já começou. Para se matricular como aluna regular algumas questões, como o prazo para matrícula, devem ser observadas. Ainda há vaga nas escolas que você visitou?
- Ainda não fui em nenhuma escola!
- Tem o meu apoio e espero poder contar com você até arrumar outra pessoa. Veja direitinho como vai fazer. Visite as escolas e voltamos a conversar.
- Eu não queria te que sair daqui, mas preciso estudar.
- Eu não quero que você saia, mas preciso trabalhar.
- E agora?
- Deve haver alguma saída que não o estudo regular.
- Um curso que eu possa fazer nas noites em que você não trabalha?
- Sim. Veja isso.´

Mulheres como eu, que acumulam as funções de mãe de filhos ainda pequenos, esposa, profissional e estudante sabem exatamente quais os sentimentos mais comuns nesse momento. Milhões de preocupações se apoderam de nossas mentes obstruindo o nosso canal criativo no tocante à resolução do problema. Não obstante o desgaste de procurar outra funcionária, precisamos reiniciar um processo de adaptação para todas as partes. E se judiar dos filhos, for respondona, ladra? Inseguranças que nos consomem noites de sono. Mas, tal ansiedade pode ser controlada se observamos alguns pontos importantes e reconhecermos necessidades afetivas que norteiam a relação em questão.

Lembrei de uma conversa travada com uma colega sobre o perfil da empregada doméstica na atualidade. Aquele quadro, composto por membros da família convivendo com uma funcionária que aderia aos valores do grupo e ali permanecia por anos, não existe mais. Abstraindo outras realidades, pois não as conheço, o que podemos aferir sobre Brasília é que nossas secretárias não aceitam trabalhar por um salário mínimo e se o fazem pela necessidade, logo uma colega de profissão lhe “abre os olhos”. Das duas uma: ou ela vai trabalhar em outro lugar por indicação de sua defensora, ou ela fica em sua casa insatisfeita. O resultado disso são patrões pagando caro para terem o direito de exigir, mesmo sem dele fazer uso, mas sem garantia de que permaneçam no emprego. E as condições não param por aqui.

As que não pernoitam no serviço – e não falo dormem, porque algumas o fazem mesmo no horário de expediente – querem ir embora no máximo às 16 horas, quando chegaram às nove e passaram boa parte do tempo no celular. Resultado: almoço quentinho, mas casa mal limpa, roupa mal passada e crianças por conta de outra funcionária, de uma creche, ou de qualquer alternativa encontrada para resolução da falta do apoio exposta. Vivemos uma realidade na qual paga-se bem para profissionais pouco qualificadas e muito exigentes.


Sabem como ninguém sobre seus direitos e pouco ou quase nada sobre seus deveres. Quando contrato uma empregada, dou-lhe uma cópia atualizada do manual sobre os direitos do trabalhador doméstico, faço com ela uma breve leitura sobre as questões principais e peço para que a ele recorram em caso de dúvida. Esse primeiro momento é crucial no estabelecimento de limites, os quais, apesar de na prática não funcionarem de imediato, promovem segurança para retomarmos a partir de questões legais sempre que necessário. No entanto, tais medidas não extinguem situações ainda mais difíceis na relação em apreço, provocadoras de mal estar e insegurança na parte contratante.

O tratamento sempre é cortês. Utilizo esse argumento todas as vezes que, por razões para mim desconhecidas – mas que prefiro atribuir à tensão pré-menstrual (TPM) ou à ausência de educação –, uma funcionária se porta inadequadamente em minha casa. Falo baixo, manso, firme e sempre olhando nos olhos. Tento gesticular o menos possível ou faço movimentos suaves. Deixo claro que não gostei da forma como se portou e que acredito que ela é capaz de fazer diferente. Com isso não delato a minha indignação e raiva pelo mau comportamento, não dou indícios de que tem o controle sobre meu bem estar e ainda posso conseguir sensibilizar a pessoa por intermédio do estabelecimento da confiança e do comprometimento. Se isso não funcionar, atenção! As inadequações podem evoluir em intensidade e frequência, sugerindo uma avaliação sobre a permanência da pessoa em sua casa. É importante estar atenta para o nosso nível de tolerância e não nos violentarmos. Nem sempre o correto a ser feito é o que damos conta ou é possível naquele momento.

Quando se tem filhos pequenos ou em idade pré-verbal, toda a atenção é pouca. Para aqueles que conseguem instalar câmeras pela casa, perfeito! Para os que não conseguem, por questões financeiras ou por medo, existem formas de saber o que se passa. Não me refiro apenas aos resultados de um problema já instalado, como maus tratos, por exemplo. Falo de um instrumento poderoso e acessível que nos esquecemos de utilizar nas mais diversas situações cotidianas. Esse dispositivo, detector de problemas chama-se sistema digestivo, mais especificamente ESTÔMAGO.

Antes de entrevistar uma pretendente a empregada, observe-se. Sente náuseas, “borboletas no estômago”, opressão, angústia, cólica? Não permita que o desespero e a necessidade de encontrar alguém ofusquem a sabedoria manifestada no seu organismo. O nosso corpo dá sinais. Se tudo correr a contento na entrevista, invista, aposte, mas não se desconecte dos sintomas físicos. No mais, questões já batidas e rebatidas quanto ao comportamento das crianças como aversão, choro, falta de apetite, sono perturbado, entre outros, são indícios claros de que algo não vai bem. Sendo assim, investigue. Procure acreditar em suas percepções sem que a ansiedade lhe tiranize, mantenha a calma e crie estratégias até encontrar uma funcionária que se enquadre à sua realidade.

Como várias pessoas, adoro fazer pequenos agrados à minha secretária. Isso não me fere enquanto patroa e não danifica os limites compreendidos até então. Mas deixo claro que para que isso aconteça, a troca tem que ser justa e sem grandes expectativas. No começo é um pouco complicado, pois estamos inseridas em uma situação de conhecimento uma da outra. Damos início então ao que chamo de “processo de encantamento”, onde tudo é ótimo e flui em harmonia, mas onde também ficamos mais soltas e mostramos um pouco do que somos. Libero o primeiro agrado e vejo como ela reage. Ela é uma pessoa grata? Torna-se mais eficiente ou menos com as prendas? Reconhece-me como “boa patroa” ou passa a me olhar de cima, exigindo sempre mais?

Passados esses questionamentos, vem o seguinte passo: como me sinto a partir dessas reações? O que espero dessa relação? E estabeleço parâmetros, para mim mesma, de prestigiar de acordo com o que recebo, nada mais! Dessa forma, há possibilidade de que eu consiga fazer com que ela entenda que dou porque quero, pois reconheço seu esforço em fazer o melhor e não porque tenho pena ou por barganha (presentear em função do medo dela me deixar). Se, futuramente, ela precisar de mim, avalio se estamos aptas a “fugir” desse padrão momentaneamente e ajo de acordo com meus limites de forma consciente, evitando assim uma futura atribuição de culpas a quem quer que seja.

Procuro abstrair aborrecimentos secundários como comida simples todos os dias, panelas e bocais de fogão queimados, roupas manchadas ou mal passadas, casa suja, colcha de cama esticada quase na diagonal, pares de meias inconciliáveis , objetos danificados, entre tantos outros “detalhes” que me aborrecem profundamente se não fechar os olhos e pensar nas virtudes como o bom tratamento destinado aos meus filhos, o cumprimento do horário e o “não mexer nos meus pertences”. Não existe ser humano perfeito, logo essa prerrogativa também se aplica às empregadas domésticas. Estabeleça critérios essenciais para a manutenção de uma relação satisfatória com sua secretária – ah, e importantíssimo, não esqueça de dizer isso a ela! –, viva sem elas ou enlouqueça.

Um outro aspecto que julgo importante é a coerência. Quando firmamos um contrato, seja ele profissional ou de outra natureza, precisamos estar cientes sobre nossas condições quanto ao cumprimento. Isso faz toda a diferença nos relacionamentos. Naturalmente, nada é tão “engessado” que não possa sofrer alterações em função de nossas necessidades, que também mudam. Então é o momento no qual novos acertos são negociados, mantendo a clareza, a objetividade e o bem estar para ambas as partes. Abandonemos a pena e a culpa por gozarmos de uma condição econômica privilegiada em relação a elas e o medo da inveja que possam nutrir por nós. Tais sentimentos nos tornam incoerentes na execução do contrato.

O medo, ao mesmo tempo que nos protege, pode nos paralisar, impedindo que encontremos soluções práticas para os desafios. É a dinâmica da vida em suas diversas nuances, se manifestando no meio familiar, profissional e afetivo. Quando adolescente eu dizia que jamais contrataria uma empregada doméstica, principalmente porque perdemos nossa privacidade, o que é real em parte. No entanto, enquanto não dispomos de outros recursos, ou porque não estamos preparados culturalmente, ou porque não existem na nossa sociedade, e em razão disso, é com elas que vamos executando outras funções além do lar. O que me chama mais a atenção é esse medo, cuja força se expressa nesse tipo de relação. Nos tornamos reféns! Não podemos frustrá-las, pois tememos ficar sozinhas.

E de repente estamos mais desprotegidas do que nossos filhos, entrando em contato com a solidão que sentíamos toda vez que nossas mães iam trabalhar e nos deixavam com a empregada. Elas foram nossas “salvadoras” na ausência de nossas matriarcas, mas não mais o são. Somos adultas e mães e, diferentemente das nossas genitoras, por contingências temporais, possuímos muito mais recurso no tocante aos cuidados com a prole. Deixemos de esperar de nossas funcionárias o amor e o reconhecimento maternos e nos conscientizemos sobre o poder de mudar as coisas, estabelecendo relações com funções claras onde o papel delas é o de apoio e o nosso é o de administração da família em seus inúmeros aspectos.

É óbvio que os problemas não se findam com tais medidas. Novos desafios nos obrigam a pensar e repensar sobre nossos preparo e postura para lidarmos com as pessoas de um modo geral. A grande descoberta ao longo das experiências com as profissionais do lar é a de que primeiro devemos nos observar, para após a compreensão dos nossos sentimentos, abordá-las de forma assertiva. Nem sempre será possível responder a altura e respeitosamente uma afronta, uma resposta “atravessada” remetidas por elas, e isso certamente nos angustiará, nos deixando insatisfeitas. Até que percebamos que não precisamos nos manifestar imediatamente. Podemos ir para o quarto, respirar, elaborar e retomar o assunto. Essa atitude faz toda a diferença e indica que apesar de não nos posicionarmos no momento exato em que as coisas acontecem, não existe nenhuma lei que nos impeça a sua prática em outro instante, não tão distante dos fatos, quando já estamos mais centradas e fortalecidas.

A vantagem de ser uma boa aprendiz, é a de crescer com as experiências, percebendo que por mais que os padrões comportamentais teimem em se tornar repetitivos, com o tempo vamos superando os desafios com mais facilidade, permanecendo menos tempo no conflito, em resumo: crises mais espaçadas e menos duradouras. A vida seguindo seu curso, mas sem ausência de conflitos...

Obs.: a última imagem é referente à atuação da atriz Glória Pires na série O Primo Basílio.


Ana Virgínia Almeida Queiroz - Psicóloga - CRP: 01-7250









8 de mar. de 2012

“Mulher macho, sim senhor!”

Acordada com um doce beijinho...
Sofia, ainda quentinha, enrolada no lençol, chega bem pertinho e sussurra em meu ouvido: “Feliz dia da mulher mamãe...”
Pra você também minha filha!
Um abraço gostoso... E, mais uma vez, a certeza de que ela e o irmão eram duas das melhores experiências nessa existência feminina.


Dia Internacional da Mulher... e aquela gatinha manhosa que me veio acordar agora era uma arara gritando aos quatro cantos da casa que hoje era o seu dia.  Ian ficou possesso com essa história! Como ele poderia ficar de fora? “Isso não é justo!” Esbravejava, especialmente porque Sofia batia e rebatia na história de que ele deveria fazer tudo o que ela quisesse e mandasse... meu café da manhã virou um caos enquanto eu lembrava de pessoas conhecidas que, apesar de adultas, se portavam da mesma forma.

A casa já silenciosa deixa um convite à criação. Inúmeras mensagens e imagens sobre a mulher enfeitavam meu mural. Parei para refletir sobre seis pontos fortes e presentes em várias delas e... só pensava nos homens.


“Ser mulher é...

Agir com o coração” – e não haveria necessidade se não amasse e, amando, há a percepção quanto às limitações dos HOMENS ao meu redor, talhados para agirem objetivamente e com isso não se quebrarem em mil pedaços. Qualidades como a razão e a objetividade masculinas me impulsionam a desenvolvê-las dentro de mim, me tornando mais prática quando necessário, abrindo espaço para que eles possam manifestar seus sentimentos. Eles também têm esse direito, privados culturalmente, inclusive por nós, quando ainda pequenos!

“Sangrar todo mês e ainda assim “dar conta” dos múltiplos expedientes” – não há necessidade em nos violentarmos na tentativa de provar para o mundo que somos super heroínas e ainda assim, não ganharmos dinheiro nem prestígio suficiente com isso. Que tal um Buscopan Composto e a consciência de que nos esforçamos porque gostamos dos bons resultados oriundos dos investimentos financeiros e afetivos? Isso pode ser ainda mais gratificante quando um homem se dispõe a nos auxiliar. Dessa forma, nos tornamos heroínas e ainda sobra mulher. O mito de mártir não faz minha cabeça.

“Administrar emoções” - não o façamos apenas para sermos diferentes dos homens. Evitemos a “vala comum” que compartilha da ideia de que o sexo oposto pouco ou nada sabe sobre os sentimentos. Se somos tão sábias no tocante ao assunto, somos então peças fundamentais na administração das emoções por intermédio da educação das mesmas, formando filhos conscientes sobre a importância do SER INTEGRAL, seja a criança uma menina ou um menino.

“Não possuir o prestígio peniano e ainda assim cavar seu espaço na sociedade” – talvez tivesse cedido às inúmeras investidas de homens no ambiente de trabalho, não fosse a certeza de querer obter reconhecimento profissional pela minha competência e não pela minha vagina. Para cada sedução uma descoberta e a certeza de que para se atingir “lucros”, outros caminhos existem além da cama. Os homens estavam lá para que eu me questionasse e decidisse.

“Tirar a comida da própria boca para dar a um filho” – definitivamente eu faria isso, se não tivesse ao meu lado um HOMEM que, junto comigo, se desdobrasse para prover a nossa família e, enquanto sozinha, não conseguisse sustentar a prole.

“Conhecer a magia da gestação” – e não seria possível se não existisse um HOMEM para colaborar com essa experiência, mesmo que a produção fosse independente.

Várias mensagens, senão todas, favorecendo a mesma reflexão. A de que é humanamente impossível se descobrir mulher sem um HOMEM, que ausente ou presente, carinhoso ou não, fecunde, nutra, instigue o emocional ou o racional da mulher, tente neutralizar as competências com as seduções, seja naturalmente diferente e, assim sendo, nos atraia com um magnetismo desconcertante e um desafio inquietante de nos enxergamos por intermédio de sua imagem, nos tornando mais guerreiras, mais inteiras, à medida que permitimos deixar fluir nossa essência masculina, sem que para isso necessitemos competir, denegrir ou devorá-los.

Feliz dia... para todos!


Ana Virgínia Almeida Queiroz







1 de mar. de 2012

O que você responderia?

Quarto mês de gestação, recostada na cama após o almoço, a afilhada de 5 anos que foi passar o final de semana na casa da Dinda, abre a porta repentinamente, aproxima-se da cama, faz um carinho na barriga da madrinha  e “solta a bomba”:

-Criança, super empolgada: Dinda, sabe o que eu descobri?

 
-Dinda, mais empolgada ainda: Não minha linda. O que foi?

-Criança: Descobri que tenho uma bolinha dentro da minha “perereca”.

-Dinda, se ajeitando na cama e quase colocando o filho pela boca: Hã?

-Criança: Dindaaaaa, uma bolinha na minha “perereca”, quer ver?

-Dinda, já recuperada do susto: Não precisa, eu sei que tem...

-Criança: É gostoso mexer nela! Faz cosquinha... você também tem?

-Dinda: Sim. Tenho. Todas as mulheres tem essa bolinha, chama-se clitóris.

-Criança: Deixa eu mexer no seu “pilitolis” para você ver como é bom!

-Dinda (agora o menino nasce!): Não é “pilitolis”, é clitóris. E olha só, não é legal as pessoas mexerem no clitóris de outras pessoas, entendeu? Cada um mexe no seu. Se alguém quiser colocar a mão, beijar ou ver o seu clitóris, você não deixa. Só sua mamãe, seu papai ou seu médico que podem ver caso você esteja sentindo alguma coceira, dor... mas mexer para fazer cosquinha NINGUÉM pode. Só você!

-Criança: Mamãe e papai não podem fazer cosquinha?


-Dinda: Cosquinha, só você! E também não é legal fazer isso na frente de outras pessoas, ou toda hora. Quando for fazer é bom que lave as mãos para fazer e depois que fizer também, combinado?

-Criança: Tá! Mas eu posso te contar quando “eu fazer”?

-Dinda: Não precisa, basta lembrar o que eu estou te falando, ok? Mas se quiser contar vou te ouvir. Você já conversou isso com sua mãe?

-Criança: Ainda não... acabei de descobrir...

E saiu correndo porta afora com a mesma intensidade e naturalidade de quando entrou...
-Dinda, quase falando sozinha: É legal que conte para ela... será que me ouviu????????????


*A leitora que nos encaminhou a crônica pediu para manter o anonimato.


A reação mais comum em situações semelhantes a essa é a repressão imediata. O “tira a mão daí! Não faça isso! Isso é feio! Você vai se machucar!”, são frases comumente utilizadas. Nossos recalques sexuais, frutos da nossa educação, são acionados instantaneamente e reproduzimos, senão igual, quase que da mesma maneira como os adultos reagiram às nossas descobertas.

Instruir uma criança quanto à melhor forma de se tocar não representa necessariamente um incentivo à masturbação, mesmo porque, qual a garantia de que um “grito proibidor” fará com que a criança desista? A probabilidade dela não parar é grande, mas agora se sentindo culpada por estar cometendo um erro, desobedecendo uma ordem.

Se, por outro lado, isso se tornar muito frequente, o adulto poderá tentar “desviar” a atenção da criança para outras atividades. Caso isso não resolva, buscar entender outras razões (como a ansiedade, por exemplo) que a leva à prática excessiva pode favorecer intervenções mais assertivas. Se nada disso resolver, não hesite, procure suporte de um psicólogo.

Na medida do possível, observar que sentimentos são despertados em cenários como o descrito também é importante, uma vez que normalmente definem a reação dos adultos. Se conseguir segurar o impulso repressor, ótimo! Na dúvida de como agir, não aja, espere, converse com alguém habilitado e oportunamente atue.

A orientação sexual nas crianças, além de favorecer um desenvolvimento psíquico, afetivo e corporal mais sadio, pode representar uma aliada na prevenção de abusos sexuais contra elas. Fortalece o vínculo, a confiança e é muito importante que ocorra de forma natural e descontraída. Pudor e malícia pertencem aos adultos, criança exala espontaneidade. Reaprendamos com elas...

Parabéns Dinda e obrigada pela rica contribuição!


Psicóloga: Ana Virgínia de Almeida Queiroz / CRP: 01-7250








28 de fev. de 2012

Emoção, obediência, doença e cura


Alice Miller em sua obra A Revolta do Corpo, nos leva a refletir sobre a forma como emoções oriundas de experiências dolorosas na infância, reprimidas em favor de normas culturais e religiosas, se tornam nocivas, se manifestando em forma de doenças de ordem física no futuro. 

Não raro, pacientes que buscam a psicoterapia e que apresentam alguma queixa de nível orgânico não percebem as emoções atreladas ao sofrimento manifestado. Muitos foram maltratados, abandonados física ou emocionalmente na infância, sem registro no corpo, mas fortemente presente no psiquismo. A referência se faz a despeito da não observância das necessidades afetivas de uma criança, como o respeito por ela enquanto ser humano. Zombar ou desqualificá-la, não confirmá-la ou não acolhê-la em suas dúvidas e medos também geram sentimentos de solidão e a desconfiança em si mesma. Mas em razão da crença a respeito de um amor incondicional dos pais e da obrigação quanto à gratidão, são treinadas a não entrar em contato com a dor originada nesse tipo de vivência, negando-a como forma de não se sentirem culpadas ou serem punidas. 

Crescem se convencendo de que a idoneidade familiar é mais legítima que as próprias percepções e passam toda uma vida lutando pelo reconhecimento e amor da família. Nosso organismo denuncia aquilo que nossa razão não quer ou não pode aceitar por medo dos julgamentos e represálias, resultantes de um sistema de crenças, baseado em preceitos cujos sentimentos negativos devem ser combatidos em qualquer situação, principalmente no que ser refere ao contexto familiar. Em resumo, seria mais ou menos assim: no íntimo o indivíduo sabe que os sentimentos negativos são legítimos e justos, mas precisa negar isso.


Essa luta entre a verdade e a proibição e a insegurança quanto à própria percepção obviamente precisará de uma válvula de escape – normalmente o corpo é quem paga! Mas antes mesmo de adoecer, a fuga e a negação da dor podem se manifestar por intermédio de satisfações efêmeras. O consumismo aumenta significativamente ano após ano. O álcool, as drogas, as compulsões de toda natureza podem representar o reflexo da desconexão com o que provocou e ainda provoca sofrimento no indivíduo. 

Quando o corpo dá sinais de que algo não está bem, a alternativa mais comum para a resolução da dor é a médica. O tratamento medicamentoso é essencial na cura, mas pode não ser suficiente. Um organismo cuidado apenas em seu aspecto físico poderá melhorar, mas não se sustentará por muito tempo, a mesma queixa ressurgirá ou outras novas. A estrutura física é o nosso mapa, depósito das nossas experiências positivas e negativas, portanto condutor na busca pelas respostas do que de fato desequilibra a saúde orgânica.


Faz-se urgente que admitamos nosso lado mais sombrio, depósito das experiências e dos sentimentos mais reprimidos, proibidos. Só o reconhecimento e a aceitação de nossas sombras podem nos libertar, o que não significa nos tornarmos pessoas piores e cruéis. Tais ações são apenas os primeiros passos. Os seguintes dependem das necessidades de crescimento ou aprisionamento de cada um. Pode-se optar por manifestá-los descompensadamente, reprimi-los ou elaborá-los em busca da saúde integral.


As escolhas são livres, mas os resultados são necessariamente delas escravos! 


Suporte bibliográfico: A revolta do corpo – Alice Miller / 2011
Psicóloga: Ana Virgínia de Almeida Queiroz / CRP: 01-7250


Um corpo inerte guarda tanta dor...

separado da mente,
entende, mas não sente,
sente, mas não resolve,
chora sem lágrimas,
vibra porque tem vida, mas não tem consiciência disso,
quer falar, mas não tem voz,
sobrevive,
camufla,
se engana.
Consciência liberta, o corpo é o alerta!
Minha estrutura física é meu mapa, apenas eu sei o caminho que me levará ao verdadeiro significado de estar viva.

Ana Virgínia

24 de fev. de 2012

Modelando a ansiedade


- Retração na gengiva? Não era gengivite a razão para tanta sensibilidade?
- Sua gengiva não sangra, não está inflamada. A sensibilidade é em função da retração. Vou te pedir uns exames para descobrirmos o que pode ter provocado e então iniciarmos o tratamento para evitar a evolução do quadro patológico.
Dentro da minha cabeça uma voz gritava: “PATOLÓGICO?”

Assim me explicava pacientemente meu dentista especialista em ATM enquanto eu, imediatamente, me transportava para o futuro, observando meu sorriso em uma fotografia. Sorriso grande, sem gengiva e com raízes dentárias à mostra. É óbvio que não me agradei do quadro.

- No que consiste o tratamento?
- Depende do estudo das suas mandíbulas e da tomografia. Mas no seu caso o que posso adiantar é que você terá que usar ou um aparelho para dormir ou um aparelho fixo.
Pensei: Que ótimo! Todos os meus sonhos infantis estão se realizando! Ano passado quebrei o dedo do pé e tive a opção de usar gesso, agora vou colocar aparelho.
- Procure fazer os exames nessa clínica. Eles entregarão o resultado aqui mesmo e quando eu os receber entro em contato com você.

Minha coragem em prosseguir com o tratamento era tão grande que primeiro esperei chegar de viagem para marcar. Quando marquei, o fiz na clínica errada, mas no final das contas não tive como fugir. Fui.

Acordei bem cedo, arrumei as crianças para a escola, tomei meu café, mas achei melhor não comer muito, afinal eu não sabia o que iam colocar na minha boca. Saí antes das 8 horas da matina, para conseguir ser uma das primeiras, já que o atendimento era por ordem de chegada. Chegando às 7h55, havia uma mulher na minha frente. Pensei: outra desesperada para se ver livre! Deixa disso Ana! Vai ver ela tem outros compromissos a cumprir. Nem todo mundo é “frouxa” que nem você!

Passadas todas as etapas de entrega de guia, pagamento, foto para identificação (acho que isso deveria ser proibido – ficamos estranhamente irreconhecíveis nessas fotos), assinatura...  sou chamada a adentrar uma micro sala, com uma bancada e pia e uma poltrona de dentista.


Uma técnica nada simpática: após me dar bom dia, vira-se de costas e começa a esquentar uma placa de não sei que material.

Na minha cabeça, as curiosidades infantis: Para quê isso? Será que vai queimar minha boca? Controle-se Ana! Qualquer coisa você levanta a mão!


À minha frente um quadro que não dava para entender nada, à minha esquerda uma parede e à minha direita um espelho. Melhor olhar para ele, a imagem é bem melhor assim... huuuuuuuuum... estou precisando retocar minhas raízes com urgência. Assim que sair daqui ligar para o Júnior...

- Abra a boca e só morda a placa quando eu der o comando.
Só me restava balançar a cabeça afirmativamente, já que à medida que ela falava já ia executando o ritual.
- Morda! Isso! Abra a boca!
E eu comigo: senta, deita, rola, morto!
- Abra a boca novamente. Vamos repetir.
Até que estava divertido. Se eu soubesse que era assim tão simples não tinha esperado tanto tempo para fazer o exame.
Ela guardou os dois moldes em um saco plástico e tornou a se virar de costas. Dessa vez ela demorou mais e eu até que achei bom, assim eu poderia continuar meu monólogo com o espelho.

- Abra a boca novamente e baixe a cabeça.
Feito.
De repente, a técnica abre um quilômetro da minha boca e enfia um não sei o quê com uma “ruma” de pasta que de imediato embrulhou meu estômago me remetendo à imagem do Gato de Botas quando coloca para fora uma bola de pelos no desenho do Shrek. Ainda bem que eu havia comido pouco e consegui segurar o conteúdo estomacal...
- Feche a boca! Não tente engolir a saliva, não movimente a língua.
Nisso uma de suas mãos segurava o molde e a outra segurava minha cabeça, empurrando-a para baixo.
- Isso levará alguns segundos – mas juro que demorou uma eternidade – pronto, vou tirar, não se mexa!
O gosto era horrível, além da sensação de que todos os meus dentes estavam indo embora junto com aquela massa corrida.
- Agora nós vamos fazer o molde da arcada superior. E de novo a sessão tortura, mais parecia uma luta de vale tudo onde meu cabelo foi o maior prejudicado, pois já estava cheirando a axila. “Putzgrila”, lavei ontem!

Mas já estava até gostando do procedimento. Encontrei um jeito fácil de passar pelo processo. Bastava inspirar pelo nariz e soltar o ar pela boca e todo o tormento se esvaía. Consegui até repetir o molde da arcada superior que a adorável técnica conseguiu errar.
- Vou ter que repetir esse. Você não baixou a cabeça o suficiente!
Pensei de novo: Ela quase quebra meu pescoço, deixa o maior “futum” no meu cabelo e a culpa é minha? Relaxa, Ana! Você não está aqui a passeio, mas tente sublimar. Pense no mar e respire a brisa litorânea!
Depois de três vezes comendo aquela massinha, finalmente concluímos o procedimento, ao que ela me diz:
- Pode levantar e lavar a boca!

Quando me olhei no espelho novamente, parecia que eu havia comido um monte de broas brancas nordestinas, aquelas, feitas com polvilho. Era farelo até a sobrancelha e não podia ser diferente, tamanho foi o embate de corpos, onde quem ficara em vantagem era obviamente quem estava de pé, babando sobre minha cabeça uma saliva dominadora de quem finalmente subjuga a  presa (a presa era eu). Só me restava me resignar e aceitar que todos vivem dias de caça ou de caçador. Lembrei-me do paradigma dominador do ser humano, do superior e do inferior... um dia falo sobre isso.

- Não foi fácil? O segredo é inspirar pelo nariz e expirar pela boca. Além de ajudar a não vomitar, auxilia a massa a secar mais rápido. Vamos para a tomografia.
- Obrigada por avisar! Vou me lembrar disso na próxima vez. Respondi feliz pela constatação de tamanha autonomia.

No setor da tomografia, outra técnica, mais “simpática” ainda me explica os procedimentos. Essa etapa foi mais fácil, não fosse ter que repetir o exame três vezes e em alguns momentos me sentir como Doctor Lecter com sua focinheira no filme O Silêncio dos Inocentes. Na recepção, enquanto eu esperava o aval dela para ir embora, o filme O Circo de Charlie Chaplin me distraía; ele, vestido de mágico, teria que subir em uma corda bamba. Uma bela bailarina preocupada com sua segurança lhe indaga:
“- Você vai morrer?”
  Ao que ele responde cheio de “marra”:
“- Não. Minha vida é encantada!”

Prontamente fiz a conexão. Eu também sobrevivi à massa corrida em minha boca, tentando me invadir goela abaixo, mas principalmente à falta de sensibilidade das profissionais que me tratavam como qualquer coisa, menos como um ser humano...
E antes que um sentimento de vítima tentasse tomar conta do meu SER, pensei na fotografia sem gengiva e... definitivamente, nada poderia ser pior do que isso naquele momento!
- Dona Ana Virgínia, a senhora está liberada.
- Obrigada e tenha um bom dia!
E abri aquele sorriso, cheio de dentes e gengiva!

Segui para o estacionamento, achando graça da situação e  pensando em redigir essa crônica, sem ao menos imaginar que lá conheceria minha mais nova “amiga”. Não sabe quem é? Aquela da crônica “É para sorrir ou para brigar?”

Acho que o dia promete, mas nada há de estragar minha alegria de viver! Afinal... ela “é encantada”!


Ana Virgínia Almeida Queiroz

Leia também:
Ansiedade, um recurso para o sucesso
Transtorno do Pânico


O Circo
Charlie Chaplin








22 de fev. de 2012

Transtorno do Pânico


A síndrome do pânico enquadra-se no conjunto de transtornos de ansiedade e, segundo Ana Beatriz Barbosa Silva, ocupa uma frequência relativamente baixa se comparada aos demais transtornos de ansiedade, especialmente às fobias (medos exagerados). Em contrapartida, as pessoas que sofrem do distúrbio em questão são as que mais procuram auxílio médico.

Isso se deve, em parte, à  gama de desconfortos de ordem física que “invadem” o indivíduo durante o ataque de pânico. O mais comum é a suposição de estarem sofrendo um ataque cardíaco, pois são acometidos por sensações de morte iminente em função de uma aceleração no coração, suor intenso, tontura, falta de ar, dor no peito e a sensação de que algo muito ruim vai acontecer.

O diagnóstico não é simples. A apresentação de um único episódio, que não se repete ao longo dos anos, não caracteriza a instalação do transtorno. Faz-se necessária a freqüência dos episódios, provocadores de comportamentos e sensações que interferem negativamente no dia a dia dos portadores e, ainda assim, é importante afastar a possibilidade das crises serem desencadeadas por outro distúrbio de ansiedade ou por problemas de ordem orgânica.

As crises de pânico, além de favorecerem todo o desconforto de ordem corporal no indivíduo, geram o medo de novos episódios, pois nunca se pode prever quando irão acontecer. Isso limita a liberdade do portador, fazendo com que ele desenvolva uma crescente ansiedade a respeito de locais ou situações propícias às crises que acontecem sem aviso prévio. O sofrimento também é somado às constantes infirmações dos profissionais da área de saúde quando tentam “tranquilizar” o paciente quanto à ausência de problemas ou à simplificação de soluções para o conflito – “Você não tem nada! Está ótimo” ou “Passe um final de semana em um SPA e tudo ficará bem”.

Ainda segundo Ana Beatriz Barbosa Silva, as mulheres são mais acometidas que os homens e as razões para isso ainda não são bem compreendidas. Nos fala igualmente sobre uma propensão genética, onde o estresse afetivo possa representar o maior desencadeador desse transtorno. Robert L. Leahy, exemplifica, assinalando históricos de rompimentos familiares, ou ameaça de rompimentos, perda de um dos pais ou de um ambiente estável ou, finalmente, perda de um relacionamento, afastamento de casa ou da comunidade.

Em sua obra Mentes Ansiosas, a renomada médica nos elucida sobre os sintomas e pensamentos mais comuns no portador.

Físicos:

- taquicardia
- suor intenso (principalmente na face ou cabeça)
- tremores ou abalos musculares
- sensação de falta de ar ou sufocamento
- sensação de asfixia ou aperto na garganta
- dor ou desconforto no peito
- náusea ou cólica
- tontura, vertigem ou desmaio
- sensação de estranheza consigo mesmo
- medo de perder o controle ou de enlouquecer
- medo de morrer
- sensação de anestesia ou formigamento
- calafrios ou ondas de calor

Pensamentos:

- vou ter um ataque cardíaco
- vou ficar louco
- vou morrer
- vou ter um derrame
- vou ser tomado como alguém fraco
- vou desmaiar e vão rir de mim
- não posso ficar sozinho, preciso de alguém para me socorrer
- não consigo controlar minha vida e preciso ser capaz de fazer isso
- não posso dirigir, pois posso perder o controle do carro e bater
- não posso praticar esportes, pois posso morrer
- não posso fazer sexo, pois posso enfartar
- se eu não dormir posso enlouquecer ou ter um colapso nervoso
- não posso me emocionar nem chorar, senão perco totalmente o controle das minhas emoções.

Para aquele que sofre do transtorno do pânico receber tal diagnóstico pode representar um alívio, pois até então toda a situação é confusa e não faz sentido. Ao compreender como se processa o medo em seu organismo e as razões que o desencadeiam, começa a encontrar forças para prosseguir. O tratamento é medicamentoso associado à psicoterapia e é fundamental para a melhora do quadro e a retomada de uma vida normal, favorecendo ainda, maior liberdade para aqueles que convivem com o indivíduo, uma vez que também se tornam reféns da síndrome em função da dependência que provoca no portador.

Suporte bibliográfico:
- Psiquiatria básica – organizadores: Mario R. Louzã Neto, Thelma da Motta, Yuan-Pang Wang, Hélio Elkis / 1995;
- Livre de ansiedade – Robert L. Leahy / 2011;
- Mentes ansiosas – Ana Beatriz Barbosa Silva / 2011


Psicóloga: Ana Virgínia de Almeida Queiroz / CRP: 01-7250

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