O muro da Depressão.

Não há dúvidas sobre a importância e influência dos pais na primeira infância de um indivíduo.

Mergulhando no inconsciente.

Muitas pessoas têm receio de fazer psicoterapia.

Um olhar para a depressão

A depressão é diferente do estado deprimido, o qual pode ser resultado de fatos corriqueiros

Tirando a poeira debaixo do tapete

Você sabe que algo não vai bem, mas não sabe como criar espaço para dizê-lo

As relações não curam todas as carências

“Nós escrevemos scripts para outras pessoas encenarem, mas esquecemos de lhes comunicar isso”.

Transtorno do Pânico

A síndrome do pânico enquadra-se no conjunto de transtornos de ansiedade

10 de ago. de 2012

Um ser humano chamado pai

Sentado no sofá, observava brandamente as crianças enquanto corriam e gargalhavam pela casa. Deslocava-se como névoa, permeando o quadro à sua frente, envolvendo-se de forma peculiar nas brincadeiras infantis, revolvendo sensações antigas, ricas lembranças do seu tempo de menino. Vez ou outra voltava-se a orientar sobre os perigos que envolviam as ações dos filhos e novamente permitia-se névoa, aspirando e sendo aspirado pelo colorido da dança lúdica da prole...


Ao me deparar com essa imagem, parei para refletir sobre as inúmeras limitações que a maioria dos homens apresenta em situações como a descrita acima. A preocupação constante no que se refere ao provimento das necessidades materiais da família reforça o resultado de uma existência sendo educados de forma a se distanciarem dos próprios sentimentos e consequentemente a dificuldade de se libertarem desse modelo e se envolverem de forma mais efetiva com os filhos.

A ameaça de perda do controle sobre as próprias emoções sugere diversos modelos paternos. Homens que se mantem no pedestal, que somem no mundo, que se ausentam frente ao computador ou à televisão e que massacram a família com exigências e cobranças infindáveis quanto ao perfeito funcionamento da dinâmica em questão. São homens que, inseridos em uma cultura machista, encontram no isolamento e nas compulsões a “cura” para suas dores infantis – as inúmeras necessidades emocionais não atendidas.

Frutos de uma educação exigente no que tange à demonstração de força e controle sobre o próprio sofrimento, integram um contingente de seres para os quais honra e respeito são os comandos que justificam a negação do que de mais autêntico existe em uma criança; e os meninos, nesse caso, são os que mais sofreram e, ainda, em muitas famílias, sofrem, não obstante a grande transformação social experimentadas nas últimas décadas relativamente ao tema. São homens, agressivos, depressivos, perversos, pedófilos, desrespeitados em sua inocência e essência, colaboradores da multigeracionalidade da ausência de amor em suas diversas formas de expressão, em razão primeira, talvez única e fatal, da não observância pelos próprios pais da sua individualidade quando criança.

E nesse turbilhão de conexões, ali, diante dos meus olhos, um homem, assim como muitos outros, representava a mudança de padrão, abstraindo vários dos obstáculos que precisa transpor. São os que trocam fraldas, dão banho, preparam o alimento, colocam para arrotar, levam para passear, rolam no chão, gargalham, participam das tarefas escolares e que, acima de tudo, buscam reconhecer dentro de si as limitações a um melhor envolver e conviver com a família, mesmo que isso ocorra de forma inconsciente. 

São os que conseguem, antes ou depois de uma ação explosiva, refletir sobre as motivações que os levaram a agir descompensadamente, os que pedem desculpas ou ajuda e que mostram fragilidade sem o receio de serem rotulados ou discriminados pelos próprios filhos. Que ocupam, mesmo sem anuência da esposa, seu espaço, que não sucumbem aos apelos do processo educativo patriarcal a que foram submetidos e que transmutam o sistema de crenças que gira em torno deles, transformando-se, reinventando-se, recriando-se sempre. 

Participar da dimensão emocional da família, sobretudo da vida de um filho, indica coragem para lidar com a própria história, que os levará ao reencontro, muitas vezes, com uma criança ferida, amedrontada e oprimida. Transpor a tendência repetitiva de normas culturais, definidoras do perfil masculino, permite que homens, como o descrito acima, vivenciem momentos plenos de encontro consigo e com os filhos, envolvendo-se não apenas no processo evolutivo das crias como também no próprio, facilitando o corajoso desafio rumo à resignificação da criança interna que trazem em si.

Psicóloga - Ana Virgína Almeida Queiroz - CRP: 01-7250


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