8 de fev. de 2013

Não se case ao acaso

E eu já desapaixonei e reapaixonei milhares de vezes pelo mesmo homem. Casamento é menos difícil quando encaramos suas oscilações como algo natural e de peito aberto. Se estamos em constante processo de transformação enquanto pessoas, pretender que o sentimento inicial de uma relação permaneça o mesmo é ilusão que certamente provocará dor.

E não obstante as irritações, as competições, as farpas sutis, sempre há espaço para o olhar terno, o silêncio no momento exato e a palavra acolhedora.

Casamento é construído sobre papéis. Sim, mas não apenas naqueles que assinamos no ato da cerimônia civil ou religiosa. Falo dos de amantes, de amigos, de irmãos, de pais (quando existem filhos), mas principalmente de seres humanos.

Casamento é legal! Eu acho! Dá trabalho. Muito trabalho! Quando o resultado disso gera mais sucesso do que frustração é sinal de que as coisas estão andando de forma alinhada, em comunhão.

"Eu amo meu marido!". Romântica? Muito além disso! Amo porque ele atura meus devaneios, minhas ausências, minhas rebeldias, minhas teimosias. Amo pelo ser humano que é. Íntegro, consciente, lúcido, mau humorado (às vezes) e disposto a melhorar sempre, fazendo valer à pena investir meu tempo e meu afeto.

Amo porque me ensinou e também aprendeu que apesar de casados somos livres. Que estar junto toda hora, fazendo tudo junto, atualizando sobre qualquer coisa que aconteça, não é exatamente sintoma de afeto, pode ser controle. Deixar o outro livre para falar ou calar é um ingrediente gostoso de sentir ao degustar o prato principal.

Talvez exatamente por isso ainda estejamos juntos. Nos aceitamos e nos esforçamos para não tomar caminhos tão divergentes, pois embora sejamos duas individualidades, há uma espinha dorsal na relação que não pode ser rompida. O maior desafio não é manter a mesma paixão. É flexibilizar a coluna vertebral do casamento, como em uma dança por vezes sensual, por vezes agressiva, mas preparada para a mudança de vibrações.

E ao descobrir novas nuances no cônjuge, oriundas das experiências ao longo dos anos, se surpreender com o SER que vai surgindo, permitindo que ele conquiste novamente e sempre, abrindo novos ciclos sem previsão para o fim.

Eu casaria novamente com o mesmo homem, digo, com o mesmo-diferente, mutante a cada reviravolta da vida. Maduro... ahhhhhh... Agora que eu casava mesmo!
 
 
Ana Virgínia Almeida Queiroz - CRP: 01-7250

 

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