Quando ouço a campainha tocar, levanto-me do sofá e mesmo pesarosa caminho em direção à porta. Fito o olho mágico e a vejo disforme do lado de fora pela lente distorcida que abriu um vão, ilusoriamente protegido, na tensa estrutura de madeira maciça. Giro a chave lentamente na tentativa de ganhar alguns segundos antes de encará-la.
A alegria é a etapa seguinte e possível apenas quando acolhemos a "inesperada" visita.
Eu poderia fingir não ter ouvido o chamado do lado de fora, corrido para outro cômodo da casa, usado outros moradores para driblar minha percepção, ligado o chuveiro na tentativa de lavar minhas sombras e apreciá-las escoarem pelo ralo, mas eu preferi abrir a porta a encontrar em qualquer subterfúgio o analgésico para minhas feridas. Só assim, não incorro no risco de também dar a ele, o louvor da minha vitória sobre mim mesma...
Bom dia!
6 de mar. de 2014
A dor como caminho
Existem muitas formas de lidar com a dor...
Convido-a para entrar, respiro profundamente e fecho os olhos para melhor sorver seu recado. E resigno-me diante daquela força que, paradoxalmente vem me confrontar.
Ana Virgínia - 17 de dezembro de 2013
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